domingo, 8 de novembro de 2009

À espera.

Não sei se existe coisa mais angustiante que esperar por um homem. Já dizia Rubem Braga que “devia haver um número de telefone especial para a mulher que está esperando o homem chamar, reclamar providências, ouvir promessas, insistir, tocar outra vez, xingar, bater com o fone”. Do outro lado dessa linha estariam funcionários especiais para garantir que pelo menos no necrotério ele não está, nem no pronto-socorro, nem em delegacia nenhuma.
Não sei por que razão, Deus elege algumas mulheres para estarem sempre esperando. Esperando por telefonemas que nunca vem, esperando sentadas durante horas imaginando que talvez ele não tenha aparecido, nem ligado, porque foi atropelado por um táxi, ou porque foi assaltado e levaram seu telefone celular. Quando o camarada aparece (nem atropelado e nem assaltado) é que você acaba se dando conta de que, na verdade, não ligou porque não quis, e não apareceu no horário porque simplesmente não se importava.
Quantas mulheres nesse vasto mundo já não se perfumaram para homens que não apareceram para encontrá-las? Quantas mulheres nesse mundo já não tocaram campainhas de casas vazias? Quantas mulheres já não assistiram ao jantar especial ficando frio pelo atraso do companheiro? Não sei. Não sei quantas foram, nem de que parte do mundo elas são. Só sei que conversaram com o Diabo. Por que é isso que fazemos enquanto esperamos: conversamos com o Diabo. Não que ouçamos o que ele diz, mas que a gente conversa, ah conversa.

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