segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O primeiro ou o último?

Dizem que o verdadeiro amor é o primeiro.

Num plantão de pronto-socorro esses dias eu atendi um senhor bem velhinho portador da doença de Parkinson. Ele tinha mais de 80 anos, estava na maca, de olhos fechados, enfraquecido, apesar de ser um cara grandão, de mais de 1,90m.
Ele vinha acompanhado do filho adulto - um chato - e da esposa pequenina e magra, menor do que eu que já sou baixinha. Era um casal bem humilde, vindo de um bairro pobre desses da periferia. Ela trazia e apertada na mão as receitas dos milhares de medicamentos que ele tomava pra controlar a desestabilizadora doença. Estavam preocupados porque o velhinho não comia há dias. Enquanto eu conversava com a simpática senhorinha de olhos ligeiros, vi que o senhor na maca tremia e se encolhia um pouco. Perguntei a ela se ele talvez estivesse com frio. Ela imediatamente se aproximou da maca e, tão pequenina e magra, quase na ponta dos pés, perguntou baixinho no ouvido do marido grandão:
"Querido, você ta com frio?".






Ninguém vai me tirar da cabeça que o verdadeiro amor é o último. Até que a morte os separe.

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